PRÓLOGO: OS FILHOS DE STONEHENGE

Eu não estava acordado. Parece óbvio e simples dizer se você está acordado ou não, porém, neste caso não era. Eu sabia que não estava acordado, ou pelo menos, que o que eu estava vendo não era real, porque eu podia sentir meu corpo deitado sobre a cama macia, a luz matinal tocando meu rosto, porém, eu não conseguia acordar. Eu também não estava sonhando, porque meu cérebro é incapaz de criar imagens nítidas enquanto eu dormia e na ocasião em questão, tudo parecia extremamente real.

Eu me encontrava em uma grande planície verde, a luz de um sol que ia nascendo aos poucos incidia sobre a grama e refletia as gotas de orvalho da madrugada que com certeza, dali há alguns minutos, não estariam mais ali. A minha frente, recortado pela luz do sol, estava o contorno de grandes monumentos de rocha maciça e bruta com quase cinco metros de altura, dispostas a formar círculos, algumas delas caídas na grama outras empilhadas na horizontal sobre as outras, formando gigantescos portais.

Caminhei em direção as rochas, com a mão colocada cobre os olhos numa tentativa de proteger os olhos da luz e tentar enxergar mais adiante. Quando estava a mais ou menos dez metros longe pude perceber a presença de diversas silhuetas em meio as rochas, todas usando longos trajes escuros e encapuzadas: bruxos. Era um grupo de mais ou menos vinte pessoas, reunidas entorno de dois vultos, um mais baixo que o outro. Aos pés deles estava um terceiro vulto com lágrimas nos olhos, uma longa serpente albina enrolada e mais afastado, amarrado com grossas cordas e apoiado em uma das rochas colossais, estava um jovem rapaz inconsciente.

O vulto maior que se encontrava no centro do grupo, tirou de dentro das vestes uma fina varinha de madeira escura ornamentada com filetes de ouro. Ele a manteve parada um pouco acima da cabeça por alguns minutos, disse algumas palavras que eu não pude compreender e então cortou o ar com a varinha. Um jato de luz verde iluminou o ar e atingiu o bruxo a sua frente, que tombou para o lado, morto. O primeiro bruxo, então, guardou a varinha nas vestes, disse mais alguma coisa ao grupo que o observava e então tomou a mão do vulto menor ao seu lado e os dois desapareceram no ar matinal.

O restante do grupo foi sumindo então, um a um, um deles levando consigo o rapaz inconsciente até restar somente a serpente e o bruxo morto. Antes mesmo que ela o fizesse, eu já havia percebido o que aconteceria e me esforcei ao máximo para acordar.  Abri meus olhos então para a claridade do meu quarto, a imagem da serpente albina se enroscando no corpo inerte e começando a engoli-lo pela cabeça ainda gravada na minha retina.

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